sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Relembrando os bons tempos.... #01


A morte de Steve Osborne, ex-guitarrista do BRIDE, nos ultimos dias acabou reacendendo meu interesse por essa banda que me influenciou diretamente no inicio de minha jornada com o metal cristao. Lembro quando comprei o album "Kinetic Faith" (de 1991), sem sequer conhecer a banda. Era meu aniversario de 15 anos, se nao me engano, e meu pai me levara numa loja de musica para comprar meu presente: um DVD da banda Petra, em uma de suas ultimas apresentaçoes no Brasil, durante sua turne de despedida, "Farewell". Eu trabalhara para meus tios, pintando a casa nova deles e, com o dinheiro recebido, comprei meu primeiro CD de heavy metal. A partir dai, virei fa da banda. Lembro o extase que eu estava ouvindo aquele CD inumeras vezes. Foi nesse momento em que minha vida começou a tomar um rumo que meus pais nao esperavam: o Rock passou a circular em minhas veias e ser umas das principais caracteristicas de minha personalidade. Ate hoje, "Kinetic Faith" e um dos meus albuns preferidos do BRIDE, e tenho um carinho enorme por ele - na epoca, eu ficava imaginando o quao louco deveria ser um show daqueles caras, principalmente por serem cristaos!
Assim, tanto Petra e Bride foram as bandas responsaveis por me tornarem quem eu sou hoje.

Quando tive acesso a internet, pesquisei sobre a "Noiva" e foi ai que eu ouvi um de seus maiores classicos, o "Live To Die" (de 1988). Heavy Metal puro! Nao tinha como nao pirar ouvindo aquilo! Riffs e solos cheios de paixao, que pareciam pegar fogo quando executados no play aqui de casa! Musicas como "In The Dark", "Hell No", "Fire And Brimstone" e "Here Comes The Bride" eu nunca cansava de ouvir. Mas o maior destaque, sem duvida, era o hino "Heroes", de mais de 7min. Eu tinha lido alguns artigos e realmente eu precisava concordar: "Heroes" era como um "The Number of the Beast" do Iron Maiden para os cristaos.
Em seguida, veio "Silence Is Madness" (1988) e "Show No Mercy" (1987), outros excelentes petardos que mantinham viva minha euforia pela banda. Entao chegou o dia em que eu conheci aquele considerado o principal trabalho dos caras: "Snakes In The Playground" (de 1992). Enquanto os demais albuns eu havia baixado da internet (exceto o "Kinetic Faith"), eu encontrei o "Snakes..." original numa livraria crista aqui da minha cidade. E nao so ele, mas o "Fist Full of Bees" (2001) tambem. Acabei optando pelo classico. Esse album fez um sucesso enorme quando o comprei. Eu o emprestei para um amigo meu (que na epoca tocava guitarra na minha primeira banda de rock), e ele adorava "infernizar" (desculpe a ironia) os vizinhos, colocando o som bem alto hehe
Outros dois colegas meus, que nao eram cristaos, puderam ouvi-lo tambem e se tornaram grandes fas desse album, sendo que quase nao o obtive de volta hehe
Porem, acabei perdendo-o para um amigo que era cristao. O engraçado e que ele e daqueles "crentes" bem tradicionais, cheio de religiosidade, e nao e que o cara curtiu e muito a banda? Nao lembro bem o que aconteceu, mas perdi o CD e ate hoje ele me diz que um dia me pagara um novo....rsrs

Bem, eu segui minha jornada metalica, conheci muitas bandas das quais virei fa, como Tourniquet, Stryper, Antestor, Slechtvalk, Demon Hunter, Mortification, entre tantas outras. Mas um album, em especial, ainda me atiçava a curiosidade e fui obrigado a correr atras - apesar das criticas de muitos fas.
Sim, era o "Fist Full of Bees". Comprei-o original, na mesma loja que comprara o "Snakes". Confesso, nao me arrependo. Fiquei muito surpreso quando o ouvi pela 1ª vez, e verdade. Alias, muito surpreso! Como uma banda que lançara petardos do heavy metal como "Live To Die", "Kinetic Faith" e "Snakes in The Playground" fizera uma mistura daquelas?! Repito: nao me arrependo. Gosto do "Fist Full of Bees" - mas a partir dali, conheci a outra"face" do BRIDE, e essa "face" começou, aos poucos, a me afastar daquela que ja fora uma das minhas bandas preferidas.
A partir da metade dos anos 90 pra ca, o Bride abandonara sua personalidade heavy metal/hard rock e se tornou, em outras palavras, uma "banda modinha". Claro, estou praticamente comprando pondo minha cabeça a premio entre os fas mais 'nervosos' do Bride, mas essa e minha opiniao. O que levou a banda a "mudar" (sonoramente) e algo que so a mente de Dale Thompson sabe responder. Influenciados por bandas mainstream da epoca, o Bride adotava um comportamento mais "comportadinho", digamos assim. De cabelos cortados e adotando uma sonoridade mais moderna em seu rock, o Bride passou de rock alternativo, grunge, new metal e entao um hard rock mais moderno.


Uma das coisas mais idiotas que ja ouvi na cena do heavy metal, foi a explicaçao de Dale a respeito de seu irmao Troy Thompson ter sido o ultimo membro a cortar o cabelo:

"Achamos que um homem de 40 anos com cabelo grande nao cola mais. Estamos muito velhos pra isso!"

Fala serio!

"Drop" (de 1995) foi o primeiro album a separar o Bride de sua fase classica e inspirada, voltando-se para um som mais Alternativo.
Em seguida, veio "The Jesus Experience" (1997), totalmente voltado ao grunge, influenciado por bandas seculares que estouraram nas radios e MTV, como Nirvana e Pearl Jam. Na minha opiniao, esse e o melhor CD da fase "comercial" do Bride.
"Oddities" (1998) faz uma mescla desse grunge com o Metal Alternativo.
2000 iniciou um novo milenio e tambem uma nova safra de bandas e sub-generos - nem todos tao bons assim. A moda da vez era misturar o rock com o hip-hop, criando assim o "new metal" (ou nu metal), um estilo totalmente popularizado mundialmente pelo Linkin Park. E o que surgiu disso? Sim, "Fist Full Of Bees" (2001) - considerado o fiasco da banda!

Nas palavras do proprio Dale:
"Quando o FFOB saiu, pareceu que todos os fas do Bride sumiram da face da Terra!"

Foi apos isso, que o Bride decidiu se tornar uma banda independente...como se a culpa fosse so das gravadoras(!)

"This Is It" (2003) chegou, resgatando um pouco do puro rock. Nada que lembrasse os tempos aureos da banda, mas pelo menos sem nada de rap!
"Skin For Skin" (2006) e talvez o album mais pesado da banda, nessa nova fase. Mesmo longe de ser um classico, e um dos melhores dessa nova fase.
Em 2009, foi anunciado o fim do Bride, e para encerrar a carreira, eles lançaram seu ultimo album, "Tsar Bomba". Esse, caros leitores, na opiniao deste que vos escreve e (desculpem o trocadilho) uma verdadeira bomba! Aqui foi onde meu conceito com a banda afundou de vez. Um album estranho, de um rock fraco, cheio de influencias nonsense, e ainda por cima, uma pitada de reggae! Muitos defensores da banda me criticaram na epoca desse lançamento, por eu nao ter gostado dele. Azar, e minha opiniao e ela ainda nao mudou! O pior album da banda, sinceramente, ao lado do "Bride Live! Vol. 01".

Para se ter uma ideia das diferenças, farei um breve resumo comparativo entre dois trabalhos distintos da banda:

SILENCE IS MADNESS (1989)


Lançado pela Pure Metal Records, esse petardo, ao lado de seus antecessores, "Show No Mercy" (1985) e "Live To Die" (1988) , e uma verdadeira joia!
Contendo todas as caracteristicas classicas de um heavy metal poderoso, a banda ainda tinha a "aurea magica" dos anos 80 a seu favor. Aqui, as influencias vao desde o heavy metal tradicional de Judas Priest e Iron Maiden, mostrando-se tambem contaminada pela cena NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), inclusive pelo visual que trazia tambem essas referencias.
Considerado um dos melhores trabalhos da banda, esse petardo ja inicia com a contagiante "Fool Me Once", seguida do embalo energetico de "Hot Down South". E ainda tem as otimas "Evil Dreams", "Under The Influence", "All Hallow's Eve", "No More Nightmares", alem da finalera "Rock Those Blues Away" que viaja entre o blues/soul com o rock.
Trata-se, portanto, de uma verdadeira obra-prima do Heavy Metal. Peça obrigatoria na estante de qualquer headbanger que se preze!
Em 2000, "Silence Is Madness" foi relançado pela Millenium Eight Records, contendo 8 novas faixas.

Line-Up:
Dale Thompson - Vocal
Troy Thompson - Guitarra
Frank Partipillo - Baixo
Stephan Rolland - Bateria


THIS IS IT (2003)


Esse e o primeiro CD independente da Noiva. Aqui, a banda ate tentou voltar ao seu Hard Rock da primeira metade dos anos 90, mas na minha opiniao, nao obteve muito exito.
Ha boas faixas, como "Blow It Away" (que tem alguma influencia de Gun's N'Roses) e "More Than Human", faixas medianas como "To The Sky", "Drop D" e "Head Lookin' For a Bullet", e faixas ruins como "Evil Geniuses", "Revolution", "Microphone" e "Universe".
Trata-se de um album mediano, que apos escuta-lo 2 ou 3 vezes, perde-se o interesse.

Line-Up:
Dale Thompson - Vocal
Troy Thompson - Guitarra
Greg Martin - Guitarra Base
Micheal Loy - Bateria
Lawrence Bishop - Baixo


Em outras palavras, nao estou descendo a lenha na banda aqui, a ponto de chama-la de uma das piores bandas do mundo....nada disso. Ate porque a intençao desse post era lembrar de uma das bandas que teve um papel fundamental na minha historia. Tenho um carinho enorme pelo Bride, apesar de nao me considerar mais um "fa" dela, como tantos outros. E uma otima banda, que lançou albuns inesqueciveis, verdadeiros classicos, mas infelizmente algo deu errado no caminho e eles perderam o rumo (musicalmente). Espiritualmente, eu bato palmas de pe pra essa banda!

E isso! Ah, o Bride nao acabou. Apos o "Tsar Bomba", eles anunciaram um novo trabalho chamado "Encore". E esperar...Independente de gostar ou nao, eu vou ouvir esse CD.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

† R.I.P. Steve Osborne † (ex-Bride)


Nesse final de semana, fui pego de surpresa com a notícia da morte do guitarrista Steve Osborne.
Pra quem não o conhecia, ele foi guitarrista da banda cristã BRIDE em sua fase inicial (heavy metal) nos álbuns "Show No Mercy" (1986) e - o clássico - "Live To Die" (1988). Anos mais tarde, ele voltou, já na fase rock alternative/new hard rock, nos álbuns "Skin for Skin" (2006) e "Tsar Bomba" (2009).

Mas o que me deixou chocado nisso tudo foi a forma como Steve morreu.
Segundo a Roadie Crew, ele cometeu suicídio aos 45 anos, no dia 17 de novembro de 2011, em Albany.

Segundo fãs e integrantes da banda, Steve vinha passando por uma fase turbulenta, vítima de depressão. Bom, só quem já passou por isso ou viu acontecer a alguém próximo sabe como é. Mas não deixa de ser lamentável uma morte tão trágica de alguém que conhecia a Palavra.

Steven Osborne Edward nasceu em 03 de abril de 1966 em Louisville. Ele era enfermeiro registrado no Memorial Hospital Floyd, graduado no Jeffersonville High School em 1984, além de guitarrista profissional.

Independente da causa da morte, Steve deixará saudades, afinal ele teve uma grande contribuição no pioneirismo do heavy metal cristão. Que Deus cuide de sua alma, Steve!


(Relembre abaixo alguns momento de Steve com o BRIDE, apresentando "Fire And Brimstone", "Forever in Darkness" e "Heroes" ao vivo, e nas gravações de "Skin for Skin")




domingo, 20 de novembro de 2011

Folk Metal: Unindo o Cristianismo ao Metal Medieval - (PARTE 2)


E ae, galera! Dando continuidade à matéria sobre a influência da música medieval no Heavy Metal...Primeiramente, peço DESCULPAS pela demora, já que esta matéria me ocupo mais tempo do que eu imaginava e ,pra ajudar, fiquei alguns dias sem internet.
No post anterior, falamos sobre os celtas e o cristianismo, a música celta e sua influência no Rock, e consequentemente no Metal, gerando várias sub-vertentes. Também apresentei alguns álbuns que são considerados essenciais dentro do estilo e, brevemente, um resumo sobre o Folk Metal no Brasil. Se você quiser conferir a postagem completa, clique AQUI.


O FOLK METAL NO METAL CRISTÃO
* Cultura, Folclore, Religião, Estilos Musicais e Como Tudo Isso se Interliga

Talvez o que justifique a escassez de bandas de cunho cristão nesse estilo, é que um dos sinônimos para Folk Metal seja "Pagan Metal", e use de elementos atmosféricos da natureza, com utilização de instrumentos da cultura celta. Uma justificativa totalmente equivocada, ao meu ver. Analisemos bem: como apresentado no post anterior, a cultura celta, que tinha crenças e filosofias próprias, viu a quase-extinção da sua Antiga Tradição, com a chegada do Cristianismo pelo domínio do Império Romano. O cristianismo céltico influenciou muito na formação e desenvolvimento do Cristianismo na Europa, sendo inclusive peça-fundamental no "Cristianismo Português".


Já o termo "Pagan Metal" vem direto de outro sub-gênero do Metal: o Black Metal. Sendo um estilo sombrio, cru e agressivo que incorpora em suas letras temas como o satanismo e, em alguns casos, até o neo-nazismo, tornou-se um dos vários sub-gêneros a incluir elementos de folk metal em suas músicas, gerando assim o termo "Pagan Metal", por abordar o paganismo (em particular a mitologia nórdica) em suas letras. Bandas de Death Metal, com essa característica, também se enquadram no termo "Pagan". Exemplos disso, temos as bandas Bathory, Vintersorg, Enslaved, Moonsorrow, que falam sobre vikings, bárbaros, mitologia nórdica e natureza, em suas composições. Em outras palavras, o termo está ligado, exclusivamente, à religião pagã, e não aos costumes e tradicionalismo dos povos.

Procurei na Wikipedia o significado de "Folclore", e achei a seguinte resposta:

"Folclore é a ciência das tradições e usos populares, constituído pelos costumes e tradições populares transmitidos de geração em geração. Todos os povos possuem suas tradições (...), que se transmitem através de (...) canções, danças, artesanatos, jogos, religiosidade, brincandeiras infantis, idiomas e dialetos característicos (...) e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo.
A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura de cada nação.
(...)
Segundo Von Gennep: "O folclore não é, como se pensa, uma simples coleção de fatos disparatados e mais ou menos curiosos e divertidos; é uma ciência sintética que se ocupa especialmente dos camponeses e da vida rural e daquilo que ainda subsiste de tradicional nos meios industriais e urbanos. O folclore liga-se, assim à economia política, à história das instituições, à do direito, à arte, à tecnologia, etc., sem entretanto confundir-se com estas disciplinas que estudam os fatos em si mesmos de preferência à sua reação sobre os meios nos quais evoluem..."


Ou seja, "Folclore" não está direta ou exclusivamente ligado à lendas ou mitos de uma região. É algo muito mais abrangente do que isso, que influencia toda uma sociedade no seu dia-a-dia. Em outras palavras, não há nada de satânico ou pagão num estilo de música proveniente de outro país.

A própria palavra "Cultura" (do latim, colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é "aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade." Em Roma, na língua latina, seu antepassado etimológico tinha o sentido de "agricultura" (significado que a palavra mantém ainda hoje em determinados contextos). Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestações artísticas/técnicas mais relevantes da humanidade, como a música erudita européia (o termo alemão "Kultur" - cultura - se aproxima mais dessa definição).

Como podemos ver, é totalmente equivocada essa idéia de que música celta e/ou medieval tenha a ver com religião ou mais especificamente, "paganismo". A própria Bíblia Sagrada afirma que todas as coisas foram criadas por Deus, no entanto o diabo entrou no coração de alguns homens para deturpar a idéia de criação, dando muitas vezes coisas como pertencentes e/ou "criadas" pelo diabo. Nos Salmos 150, está escrito: "Tudo o que tem fôlego, louve ao Senhor".
Por TUDO, refere-se à forma geral, independente de raças, culturas, etnias, sexo ou estilo musical.

E mais. Vejam o que diz outros trechos do famoso Salmo 150:

3 - Louvem a Deus com trombetas.
Louvem com harpas e liras.
4 - Louvem ao Senhor com pandeiros e danças.
Louvem com harpas e flautas.
5 - Louvem a Deus com pratos musicais.
Louvem bem alto com pratos sonoros.
6 - Todos os seres vivos, louvem ao Senhor.


Após essa belíssima passagem, fica ainda mais claro que muitas pessoas não lêem a Bíblia, ou pelo menos, não a lêem como deveriam. O fato dessa passagem incluir instrumentos medievais para adoração, derruba qualquer acusação ou pré-conceito referente a tipos e estilos de música.
Tanto as trombetas, as harpas, liras e os pandeiros são instrumentos "folclóricos", ou seja, fazem parte de uma "cultura" de povos que se utilizavam desses objetos para a música, como os israelitas e os próprios celtas. Assim também a dança, algo recorrente em festas, tanto cristãs como pagãs. Como dito, são instrumentos da época. Talvez o único recurso que aqueles povos tinham para fazer música, o que não exclui os instrumentos modernos como guitarra, contra-baixo, bateria ou violino dos louvores feitos hoje em dia. É ÓBVIO que não havia uma guitarra Les Paul na época de Moisés, assim como não havia tecnologia e nem mesmo templos (igrejas). Com o passar dos séculos, tudo foi se aprimorando; modo de vida, como vestimentas (roupas), meios de transporte, meios de comunicação, política e até mesmo a música. O ser humano evoluiu (em alguns aspectos), tornando assim seu modo de vida e suas ações mais facilitadas, por meio da ciência e da tecnologia.

A própria música "Gospel" tem uma origem calcada em diversas influências musicais, culturais e folclóricas. Veja um interessante resumo:

A música gospel (do inglês “gospel”, ou seja, “evangelho”) é um gênero musical de origem afro-americana, nascido nas fazendas de escravos no sul dos Estados Unidos. Os escravos cantavam músicas religiosas com mensagens escondidas em suas letras. As mensagens poderiam conter informações sobre terrenos, quais estradas e rios evitar e números de homens patrulhando tais estradas e rios. Essas canções eram cantadas pelos escravos presos, durante a noite, quando se sabia que havia escravos em fuga a fim de orientá-los rumo ao norte livre. Esse costume continuou quando os escravos foram libertados invadindo igrejas e templos afro-americanos por todo os Estados Unidos.

O gospel em sua forma original era geralmente interpretada por um solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto instrumental. Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray Charles. O gospel ajudou a moldar toda a música negra dos Estados Unidos neste século: ragtime, blues e jazz. E foi também influenciado por ela, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de música religiosa. É o caso dos quartetos gospel, surgidos após a Segunda Guerra Mundial, com suas música gritada, sua dança cheia de sacolejos e roupas extravagantes. Nesta fonte foi “beber” o rock dos anos 50, desde Bill Haley e seus cometas passando por Jerry Lee Lewis e principalmente Elvis Presley. Atualmente nos Estados Unidos e em outros países, o Gospel está incluído como uma categoria tradicional de música cristã. Comercialmente e na forma que tem atualmente, a música cristã estourou nos Estados Unidos a partir dos anos 70. O rock, em mais uma volta da história, passa a ser o carro chefe da música cristã. Todavia, outros ritmos como o funk e o reggae também são por ela adotados. O que a define não é o gênero musical, mas a mensagem: justiça social, Cristo, ecologia, repúdio às drogas, harmonia entre os homens. Bandas como Stryper (heavy metal), Tourniquet (thrash metal) e Mortification (death metal), elevaram o “metal gospel” à categoria, segundo seus fãs, de grande qualidade.


Como outros gêneros musicais, a criação, a performance, a influência, e até mesmo a definição de música gospel varia de acordo com a cultura e o contexto social.


BANDAS DE FOLK-ROCK/METAL CRISTÃO

Não há uma data exata de quanto esse estilo adentrou na cena underground cristã. É difícil até mesmo dizer qual foi a primeira banda cristã a integrar esse sub-gênero. Pra falar a verdade, eu não faço idéia de quem foi a pioneira nesse estilo, mas vou citar aqui as mais conhecidas, consideradas as mais importantes "bandas cristãs de Folk Metal".

HOLY BLOOD



Proveniente de Kiev, capital da Ucrânia, a Holy Blood deu início as suas atividades em 1999, mas só lançaram seu 1º álbum, "The Wanderer" em 2002.

Liderada por Fedir Buzylevych (vocal e guitarra), que também é pastor de uma comunidade underground, a banda consistia num som black metal. Apenas no segundo álbum, "Waves Are Dancing", o Holy Blood incluiu elementos folk em seu som extremo, sendo este considerado o principal álbum da banda. A mistura prosseguiu nos álbuns seguintes, até culminar em "Shining Sun", de 2010, na minha opinião, o melhor álbum da banda.


SLECHTVALK



Assim como o Holy Blood, a banda polonesa Slechtvalk (em polonês, "falcão peregrino") também surgiu em 1999, tendo lançado uma demo, "Cries of Haunted", ainda aquele ano. O mais interessante aqui é que a banda começou com apenas UM integrante. Shamgar, que hoje é vocalista e guitarrista da banda, também gravou o baixo, bateria, produziu, mixou e prensou esse trabalho. Assim também viria a acontecer no 1º álbum, "Falconry", de 2000. O álbum foi recebido positivamente, e rendeu algumas entrevistas com Shamgar para revistas holandesas de metal. Até então, o som da banda consistia apenas num black metal cru, bem nos moldes da velha cena extrema da Noruega.
Em seguida, juntaram-se à banda, Ohtar (guitarra), Nath (baixo), Grimbold (bateria), Sorgier (teclado) e Fionnghuala (vocal lírico) e gravaram "The War That Plagues The Land", ainda voltado ao black metal, porém já com um diferencial: as letras tomaram uma abordagem mais orientada para a fantasia e falavam, metaforicamente, sobre um senhor da guerra e seu falcão, passando por uma batalha de exércitos entre o bem e o mal, mas com a trama centrada no ponto de vista do falcão. Por essa razão, a banda passou a ser rotulada de viking black metal. A revista HM listou o álbum na posição #60 em sua lista "100 Melhores Álbuns Cristãos de Todos os Tempos". Já em 2005, o EP "Thunder of War" trouxe uma atmosfera mais sinfônica ao peso extremo da banda, inclusive com uma faixa cantada apenas por Fionnghuala. Assim, a banda também passou a ser rotulada como Symphony Unblack Metal, pois passou a integrar elementos dark e sinfônicos ao seu black metal, apostando num som cada vez mais épico. Esse resultado se viu ainda mais presente no 3º álbum de estúdio, "At The Dawn of War", que ganhou mais características de folk metal. A partir desse álbum, Ohtar - que passara a tocar baixo (com a saída de Nath)- passou a incluir vocais épicos (gregorianos) às músicas, o que realmente trouxe um diferencial na musicalidade do Slechtvalk. Ao mesmo tempo, a banda gravou o DVD "Upon The Fields of Battle", trazendo ainda mais uma novidade: todos os integrantes passaram a usar vestimentas medievais em suas apresentações e estampando fotos e banners promocionais da banda a partir de então - dando uma autenticidade ainda maior. Nessa formação, Seraph (irmão do baterista Grimbold) ingressou na banda como 2º guitarrista. Nesse período, outras mudanças no line-up ocorreram, sendo a mais significativa a saída da cantora Fionnghuala para se dedicar à sua carreira de música clássica. Quem também saiu foi o tecladista Hydrith, assim sendo substituído pelo ex-baixista Nath (agora conhecido como Premnath).

Em 2009, a banda assinou com uma nova gravadora, a alemã Whirlwind Records, trazendo um novo tempo para a banda. Com uma maior divulgação de seu material e um novo logo, a banda partiu para seu 4º lançamento, "A Forlorn Throne", um verdadeiro épico, considerado até agora por muitos (inclusive eu!) como o melhor álbum da banda. A HeavyMetal.no descreveu o último álbum como "um álbum brutal e memorável que pode suportar comparações com Mänegarm, Amon Amarth e o clássico 'At The Heart of Winter era Immortal". O álbum traz menos elementos folk, porém mais sinfônicos, com uma pegada de death metal mais dominante sobre o black metal. Enfim, considerado um dos melhores álbuns no estilo em 2010.


ILLUMINANDI


Formada em 1998, na cidade polonesa de Debica, por Jan Trebacz (vocal e guitarra) e Aleksander Koziol (voz gutural e guitarra), o Illuminandi resulta de uma complexa mistura de metal sinfônico, gothic metal, folk metal europeu e medieval, música clássica e até alguns elementos de death/unblack metal. Formaram também a banda, Aleksander Kraszkiewicz (baixista), Antonina Witkowska (celo, mais tarde esposa de Kraszkiewicz), Patrycja Pyzinska (violino e vocal) e Szymon Grych (bateria), o que tornou a banda um sexteto. Sendo todos os seus integrantes católicos, a proposta do Illuminandi, desde o início, era compor cujas letras abordassem como temática o Cristianismo, a Bíblia e o altruísmo, servindo as composições como um meio de levar mensagens cristãs a seus fãs. A banda tornou-se mais conhecida em 2002, quando começou a se apresentar em diferentes festivais da Polônia. Em 2000 e 2002, duas demos foram lançadas, tendo esta última despertado uma grande aceitação por parte de fãs e da crítica. Os resultados foram tão positivos que o Illuminandi assinou um contrato com a gravadora Bombworks Records. Em 2003, gravaram um registro ao vivo, intitulado "Koncert", e em 2005, suas demos foram relançadas na forma de uma compilação chamada "In Beginning". Por esta época, a banda apresentou-se em programas na TV polonesa, mais especificamente nos canais TVP1 e TV Polonia. Com suas composições sempre cantadas em polonês (apesar de, curiosamente, seus títulos aparecerem invariavelmente em inglês), a banda lançou, em 2006, o EP "Illumina Tenebreas Meas" (o nome, em latim, significa "Iluminando Minha Escuridão"), contendo 5 faixas. Tais músicas eram mais pesadas que as até então gravadas, além de serem também melhor trabalhadas e produzidas. Nesta fase, a banda ainda contava com o vocal extra de Rajmund "Melon" Jelén, dono de uma voz bastante agressiva, que combinava com o direcionamento musical do Illuminandi. Em 21 de abril de 2007, o Illuminandi apresentou-se em um festival de heavy metal na Suíça, realizando assim sua primeira apresentação fora da Polônia. Os próprios integrantes da banda mostraram-se surpresos pelo fato de haverem conquistado fãs fora da sua terra natal, uma vez que suas músicas são cantadas em seu idioma pátrio. Ainda no mesmo ano, a banda passou por mudanças em sua formação, sendo a saída do vocalista Rajmund Jelén, por motivos pessoais, a mais marcante delas, bem como a da violinista Patrycja Pyzinska. A saída de Pyzinska deixou a banda sem vocal feminino, além de Antonina Kraszkiewicz ter de passar não apenas celo, mas violino.
Em 2009, a banda entrou em estúdio para gravar seu "primeiro álbum de fato". O trabalho, contendo dez composições, recebeu o nome de "In Via" (que, em latim, significa "No Caminho") e foi lançado oficialmente em 2010. Apesar de gravar esse álbum apenas quando já contava com doze anos de existência, não tendo portanto uma discografia extensa, o Illuminandi conseguiu a façanha de conquistar fãs em diversos países, apesar de suas músicas em polonês. Além disso, a banda apresentou-se em países como Alemanha, Ucrânia, República Tcheca e Suíça, além de diversos festivais em sua terra natal.


POSPOLITE RUSZENIE


Uma das características mais legais nesse estilo, é que a maioria das bandas não pertencem aos EUA, sendo muitas delas de países já com uma cultura próxima ao antigo medievalismo, o que aproxima mais as bandas de uma atmosfera legítima do Folk Metal.

O Pospolite Ruszenie, também da Polônia, é uma banda que reuniu músicos de diferentes estilos musicais; do rock/metal ao da música folclórica antiga. A formação da banda conta com membros das bandas Open Folk, Illuminandi e Rumor. As letras são em linguagem da poesia polonesa antiga. Em 2011, a banda lançou seu 1º EP, "Swiebodnosc", contendo 3 faixas - na minha opinião, um dos (senão o melhor) trabalho já lançado no estilo Folk Rock.


OSKORD


O Oskord surgiu em 2008, após a saída de todos os membros (com exceção do vocalista e líderFedir Buzylevych) da banda de folk/black/death metal Holy Blood. Tais integrantes eram: o guitarrista Serhiy "Mozart" Nahorny, o baixista Oleksiy "Axxent" Andrushenko e o baterista Dmytro Titorenko.

O motivo da saída deles foi por uma desentendimento com o líder Fedir. Após 5 anos juntos, todos os membros decidiram por unanimidade retirarem o tecladista Vlad Malitsky, devido a sua falta de disciplina e sua relação irresponsável com a missão da banda. Então, Fedir propôs que sua esposa, Vira Kniazeva, poderia ocupar a vaga de tecladista (ela já havia cooperado com a banda de 2001-2005, antes de sua saída). Mas os demais membros (Serhiy, Oleksiy e Dmytro) não concordaram com essa oferta. No entanto, após o retorno da banda à Ucrânia (seu país de origem), Fedor informou a todos os integrantes que Vira agora fazia parte da banda. Houve, então, 2 reuniões em que essa questão foi discutida, na tentativa de encontrar uma maneira de resolverem esse problema. Apesar dos demais integrantes afirmarem que não permaneceriam na banda se Vira se juntasse a eles, Fedir permaneceu firme em sua decisão. Assim, Serhiy, Oleksiy e Dmytro não tiveram outra escolha a não ser deixar o Holy Blood.

Num comunicado oficial, os ex-membros do Holy Blood anunciaram:
"Estamos a procura de um vocalista e um guitarrista para continuar nossa missão de servirmos a Deus, com um novo nome. Estamos cheios de potencial, energia e criatividade. Como antes, contamos com o apoio dos fãs e em breve vocês poderão ouvir algo da nova banda. "E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito". (Romanos 8:28)"

Nesse meio tempo, enquanto Fedir recrutava novos músicos e lançava o (ótimo) "Shining Sun" em 2010, com o Holy Blood.... a nova banda, agora chamada Oskord, ganhara seu primeiro reforço, Andrey Yakovenko, que tocara flauta algumas vezes com o Holy Blood em seus shows.

Em setembro de 2009, o Oskord encontrava seu vocalista, Grigory Nazarov, da banda Coram Deo. E em 10 de julho de 2010, a banda fazia sua primeira apresentação no festival Total Armageddom.

2011 marca o lançamento de seu 1º CD, "Weapon of Hope", lançado pela Soundmass (a mesma das bandas Malchus, Synnöve, Martyr's Shine e Terraphobia).

"Oskord" é uma antiga palava Eslavo, que significa armas afiadas na forma de um grande machado com cabo longo. A Bíblia diz muito sobre armas espirituais: "Colocar a armadura de Deus, para que sejais capazes de permanecer firmes contra as astutas ciladas do diabo"(Efésios 6:11). A Bíblia também diz que a espada do Espírito é a Palavra de Deus, e "não temos que lutar contra carne nem sangue, mas contra os principados e potestades desse mundo"(Efésios 6:12).
"Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força, mas a sabedoria é proveitosa para dirigir" (Eclesiastes 6:12).
- Queremos que o nosso machado espiritual esteja sempre afiado e pronto para a batalha - declara a banda.

TEHILIM CELTIC ROCK


Formado em 2005, o Tehilim Celtic Rock é uma banda brasileira que faz uma mistura bastante intensa e interessante com rock, música celta e folk. Embora existam diversas bandas que explorem essa mistura, o Tehilim procura focar sua música no cristianismo. A banda é liderada por César Ricky Mendes, e tem em sua esposa, Jackie M. Mendes, o principal apoio para essa empreitada. Em 2009, o Tehilim lançou seu segundo CD, "Grace", gravado ao vivo em estúdio e bastante visceral.
O primeiro CD, “Celtic Inspirational Rock”, surgiu como um projeto, mas nem por isso deixa de ser fundamental na carreira do grupo. O grupo lançou o CD “Shine in The Darkness”, em 2010, seu terceiro trabalho, onde o diferencial está nas músicas mais centradas nos vocais.
Atualmente, em meio aos compromissos musicais, a banda se prepara para gravar o 4º CD.



* OUTRA BANDAS

Algumas bandas não se enquadram no termo "Folk Metal" ou suas sub-vertentes, porém, incrementam elementos característicos de uma época mais antiga e épica, utilizando teclados e violinos/violoncelos, geralmente mesclando o metal extremo (black metal e death metal) com gothic metal e/ou música sinfônica. Entre estas, podemos destacar:


- From Ashes (dark metal/gothic extreme)
Formada em 2001, na cidade de Espoo - Finlândia, utiliza violoncelos e vocais gregorianos, além dos vocais guturais).

- Antestor (em sua fase inicial "Sorrow Metal", ou simplesmente Doom Black Metal)
Considerada uma das principais bandas de Unblack Metal, sua fase inicial consistia numa sonoridade mais melancólica e deprimente, com teclados e sintetizadores se sobressaindo às guitarras, além de vocais tristes. Essa fase, chamada pelos membros de "Sorrow Metal", também pode ser rotulada como Doom Black Metal.

- Virgin Black (gothic/doom/death Metal)
Esses "seres" da Austrália praticam com maestria um dos melhores gothic metal que eu já ouvi. Com álbuns extremamente melancólicos, carregados de uma atmosfera clássica-miedieval, com elementos de Doom e Death Metal. Seu álbum "Requiem: Mezzo Forte", produzido em parceria com a The Adelaide Symphony Orchestra, é o meu preferido e é praticamente impossível de descrevê-lo aqui, tamanha genialidade!

- Crimson Moonlight (symphony unblack metal)
Seu EP, "Eternal Emperor", de 1998, consegue mesclar bem um gélido unblack metal com sinfonias obscuras e clássicas. Pena que depois, a banda abandonou essa parte sinfônica.

- Ancient Prophecy (doom/ambient/dark metal)
Com álbuns que focam mais no instrumental do que nas vozes, esta é uma banda que pratica um bom Doom metal, mesclado a música Ambient e o Dark Metal, com belíssimas passagens de teclado, que passeiam entre os estilos citados e a música clássica, produzindo um som relaxante e reflexivo.

- Deep Still (celtic worship music)
Excelente grupo de músicos que praticam a música celta, com todas as suas características folclóricas, porém com letras que exaltam a Jesus Cristo.

- Theocracy (power metal progressivo, em seu álbum "Mirror of Souls")
O Power Metal, apesar de geralmente não possuir elementos folk, é um dos gêneros que mais se aproxima da atmosfera épica-medieval, com bandas que apostam em letras sobre dragões, castelos e batalhas épicas. O Theocracy consegue captar essa "atmosfera" através de seus excelentes músicos. O 2º álbum da banda, "Mirror of Souls", utiliza-se em determinados momentos de teclados e violões, em contrastes com solos virtuosíssimos de guitarra. Destaque para as faixas "Laying The Demon To Rest", "Bethlehem" (lindíssima!) e a e a épica "Mirror of Souls" (com 22 minutos de duração).

- 7Days (melodic/symphony power metal)
Seu álbum de estréia "The Weight Of The World" possui passagens que poderiam muito bem integrar a trilha sonora de "O Senhor dos Anéis". Momentos épicos que mesclam com perfeição música clássica e sinfônica com passagens góticas, como em "Redeemer", "Confession", "The Darkest Winter", "Fall Again" e "Where Are You".


CONCLUSÃO

É inegável que o Folk Metal é um dos sub-gêneros mais intrigantes do Heavy Metal. É também um dos mais belos e fascinantes. Espero que tenham gostado desta matéria. Foi muito divertido pesquisar a história por trás desse estilo que tanto admiro e aprecio, e poder compartilhar com você(s) internauta(s).

Preparem-se, pois vem mais por aí!

Grande abraço,
God Bless!


Fontes e Referências:

- Folclore e Cultura (Wikipedia)
- Bíblia Sagrada



domingo, 13 de novembro de 2011

Folk Metal: Unindo o Cristianismo ao Metal Medieval - (PARTE 1)


Vou dedicar esse post a um assunto que me fascina tanto e que queria tê-lo escrito há muito tempo! Trata-se da música medieval no Heavy Metal (principalmente no que abrange a cena cristã). Mas para entender bem essa fusão, é preciso partir do princípio, e vou aqui usar trechos de vários estudos e pesquisas que fiz através da internet sobre o assunto.

Uma das características mais legais do heavy metal (e do rock de uma forma geral) é a capacidade de “fundir” estilos. Por conseqüência disso, surgem milhares de rótulos para tentar explicar para o ouvinte “como é que é” o som de uma banda. De alguns anos para cá não é raro se deparar em revistas de metal com o rotulo que é o assunto desse artigo, “Folk Metal”.

A primeira dificuldade para se definir o que é esse tal de “folk metal” é definir o que exatamente é a música “folk”. A mídia costuma confundir muito (de forma justificável) o significado do rotulo “folk”, por que ele tem realmente mais de um significado. Por exemplo, se você perguntar para um fã de Bob Dylan ou Joan Baez o que é música folk, certamente ele ira responder que se trata de músicas cantadas com violão e com letras sociais. Mas no caso do “folk metal” a palavra “folk” refere-se a música folclórica de um país qualquer.

Outro ponto em que o público de metal costuma confundir-se é na diferença existente entre a música medieval e a música folclórica. A música medieval é a música de um período histórico e a música folclórica é a música de um determinado povo não importando a época. Apesar disso a música do período medieval ainda estava muito ligada à música do povo (folclórica), e a linha entre a música erudita e a música popular era muito tênue, então para quem não ouviu muitas vezes a música medieval é fácil confundi-la com a música folclórica dos celtas, por exemplo.


OS CELTAS E O CRISTIANISMO


Celtas é uma designação dada a um conjunto de povos (um etnónimo), organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família linguística indo-européia que se espalhou pela maior parte da Europa a partir do segundo milênio a.C. A primeira referência literária aos celtas (Κελτοί) foi feita pelo historiador grego Hecateu de Mileto no século VI a.C.

Boa parte da população da Europa Ocidental pertencia às etnias celtas até a eventual conquista daqueles territórios pelo Império Romano; organizavam-se em tribos, que ocupavam o território desde a península Ibérica até a Anatólia. A maioria dos povos celtas foi conquistada, e mais tarde integrada, pelos Romanos, embora o modo de vida celta tenha, sob muitas formas e com muitas alterações resultantes da aculturação devida aos invasores e à posterior criatinização (Cristianismo), sobrevivido em grande parte do território por eles ocupado.

A questão da conversão do imperador romano Constantino ao Cristianismo é um tema de profundo debate entre os historiadores, mas em geral aceita-se que a sua conversão ocorreu gradualmente. Como maneira de fazer "penitência", Constantino ordenou a construção de basílicas e outros templos e os doou à Igreja. Assim, Constantino legalizou o cristianismo pelo Édito de Milão em 313. Para evitar a divisão da Igreja, Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia em 325, onde se definiu o Credo Niceno, uma manifestação mínima da crença partilhada pelos bispos cristãos.

Mais tarde, nos anos de 391 e 392, o imperador Teodósio I combate o paganismo, proibindo o seu culto e proclamando o cristianismo como religião oficial do Império Romano.
O lado ocidental do Império caiu em 476, com a deposição do último imperador romano pelo "bárbaro" germânico Odoacro, mas o cristianismo permaneceria triunfante em grande parte da Europa, até porque alguns bárbaros já estavam convertidos ou viriam a se converter nas décadas seguintes.


A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre praticados ao ar livre. Suspeita-se que algumas de suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. Embora se saiba que os celtas adoravam um grande número de divindades, a divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era a própria natureza e por isso, embora a sociedade celta não fosse matriarcal, mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza.

Com a assimilação de Roma, os deuses celtas perderam as suas características originais e passaram a ser identificados como as correspondentes divindades romanas. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta, estando ainda hoje presente em muitos dos cultos de santos e nas crenças populares assimilados no cristianismo.

MÚSICA CELTA

O termo música celta é muito controverso, pois os celtas como povo identificável não existem mais. Existem, sim, os povos em que a influência dos celtas é mais visível, como nas chamadas sete nações celtas: Escócia, Irlanda, Pais de Gales, Bretanha (região da França) , Galícia (Espanha) , Cornualha (Inglaterra) e a Ilha de Mann (Grã Bretanha) , assim como os paises que sofreram influência desses povos, tais como os EUA e o Canadá (em sua região Norte). Confunde-se muitas vezes a new age com a música celta, mas o fato é que esse estilo tem muito pouco em comum com a música tradicional. A música tradicional celta é composta por danças tais como as reels, as jigas, valsas, marchas, entre outras, que podem ser tocadas por violinos, acordeons, flautas, whistles (espécie de flauta irlandesa) , banjo (usado mais nos EUA) , gaitas de foles, bodhran (instrumento de percussão) , etc. Existem também canções e baladas cantadas acompanhadas pelos instrumentos citados.

Quando perguntei a um gaiteiro da Bretanha o que era música tradicional celta, ele respondeu: “A música vem principalmente de uma região remota da Grã Bretanha. Os bretões (franceses) vieram do sul da Escócia (estreito de Clyde) , de Lancashire, e do país de Gales. Assim todos esses povos mantiveram influências em comum. A música continuou em alguns aspectos alheia à influência moderna. Porem 95% da música consiste de influencia pós –barroca”.

Gaita-de-Foles: O instrumento mais comumente associado ao mundo celta é a gaita-de-foles. Porém o instrumento foi pela primeira vez tocado no Oriente Médio, espalhando-se mais tarde por quase toda a Europa. Por isso não se espante se você encontrar gaiteiros em paises nada célticos como a Bulgária ou Hungria, pois a gaita de foles era (ainda é) um instrumento muito comum e cada cultura a utiliza de seu próprio modo.

Música dos paises nórdicos: A música dos países de cultura viking (Dinamarca, Suécia, Noruega e Islândia) consiste de danças como a polska (polca) e o schottish entre outras. Nos dias de hoje utiliza-se muito o acordeon e o violino, porém instrumentos mais antigos como a gaita-de-foles e a harpa de boca (que produz um som parecido com o de uma mola!) ainda estão presentes na música folclórica desses países. Os finlandeses por terem origem fino-ugrica possuem cultura diferente dos demais paises nórdicos. A música do país é dividida em duas épocas; a antiga ou Kalevala (esse nome refere-se a saga épica dos finlandeses) em que eram utilizados o Kantele (espécie da harpa finlandesa) e o jouhikko (espécie de lira tocada com arco) ; e a época chamada “palimanni” em que a utilização do violino e de danças oriundas de outras partes da Europa (como a polca que tornou-se a Humppa finlandesa) são marcantes.

Música da Idade-Média: refere-se no inicio a músicas de cunho religioso como o canto gregoriano, que surgiu entre 750-850 d. c. provavelmente de origem romana, e acabou tornando-se o canto oficial da igreja católica. No século 14 com o surgimento do movimento “Ars Nova” foi introduzido o contra-ponto (sobreposição de melodias) à música. Da produção de música secular (não religiosa) na idade media destaca-se a música dos trovadores e as canções da obra imortalizada pelo compositor Carl Orff “Carmina Burana”.

De acordo com a wikipédia “Música medieval é o termo dado à música típica do período da Idade Média durante a História da Música ocidental europeia. Esse período iniciou com a queda do Império Romano e terminou aproximadamente no meio do Século XV. “

Muitas vezes a musica medieval hoje em dia é ligada ao Metal, com guitarras e ritmos mais rapidos ou mais melancolicos,normalmente usada em filmes medievais fictícios (como "O Senhor Dos Anéis"). Há uma grande diferença no ritmo que vem da Irlanda entre outros, do ritmo que vem da Europa.

Estes são os principais elementos para uma banda ser considerada folk metal.

NOTA: Bandas que usam temas folclóricos em suas letras mas não possuem esta influência em suas melodias geralmente não são consideradas como bandas de folk metal.

CRIANDO O FOLK METAL!

Podemos considerar as bandas de folk rock do final dos 60, tais como o Fairport Convention, Steeleye Span, Albion Band como os "avós" do folk metal, pois foram eles os primeiros a colocarem guitarras baixo e bateria, enfim colocar certo peso na música folk, porem somente vinte anos após foi que o folk-metal surgiu.

SKYCLAD: Os pioneiros do folk metal surgiram em 1990 quando dois integrantes da banda de metal tradicional Pariah, Steve Ramsey e Greame English, juntaram-se com o vocalista do Sabbat (banda de thrash). Logo no primeiro play da banda os rapazes incluíram duas faixas com a presenca de um violinista. Essas duas faixas tornaram-se então as músicas que mais chamaram a atenção do publico, fato que fez com que a banda contratasse uma violinista fixa. Apesar de o Skyclad ser considerado o pioneiro do folk metal suas influencias vão muito alem da música celta. Alem disso ao contrário da maioria das bandas do gênero as letras do Skyclad têm enfoque voltado para problemas políticos e assuntos pessoais. (Site oficial: www.skyclad.co.uk)

Hoje em dia temos os Eluveitie, Cruachan, Korpiklaani entre muitos outros.

O folk metal é bastante popular em países como Noruega, Finlândia e Suécia onde sofrem bastante influência do black metal.


SUB-GÊNEROS:


* Celtic: Heavy Metal mesclado com música celta folclórica.

Algumas bandas - Skyclad, Cruachan, Anabioz, Hyubris, Blackmore's Night, Eluveitie e Mago de Oz.


* Viking: Heavy Metal mesclado com música folclórica nórdica.

Algumas bandas - Runic, Arkona, Moonsorrow, Otyg, Týr, Vintersorg, Ensiferum, Enslaved, Amon Amarth


* Mittlelalter-Rock: Heavy Metal influenciado pela música da Idade Média, suas letras geralmente tratam de assuntos históricos, cantatas e sobre a cultura cristã.

Algumas bandas - In Extremo, Holy Blood, Morngestern


* Andean: Heavy Metal mesclado com a música folclórica dos Povos Andinos, usando instrumentos típicos da cultura Andina, em especial, a mitologia inca.

Algumas bandas: Toccata Magna, Tierramystica, Chaska, Tenochtitlan


*Middle-Eastern: Heavy Metal mesclado com a música folclórica do oriente-médio e oriental (Israel, Sudeste Asiático).

Algumas bandas: Orphaned Land, Rudra, The Firstborn, Ulytau


ÁLBUNS IMPORTANTES DO ESTILO

Como em qualquer outro estilo ou sub-gênero, o Folk Metal possui álbuns que ajudaram a lapidar e consagrar essa vertente. Entre alguns trabalhos essenciais e clássicos do Folk Metal, estão:


* Holy Blood - "Waves Are Dancing"

* Amorphis - "Far From the Sun", "Alone" e "Am Universum"

* Isengard - "Vinterskugge"

* Skyclad - "The Wayward Sons of Mother Earth", "Irrational Anthems", entre outros

* Cruachan - "The Middle Kingdom", "Ride On", "Folk-lore", "Pagan" e "The Morrigan's Call"

* Haggard - "Eppur Si Muove"

* Finntroll - "Nattfödd"


FOLK METAL NO BRASIL

Tuatha de Danann, pioneira no Brasil, mistura de Heavy/Folk Metal influenciado pela música folclórica celta, com fortes marcas de som rápido e pesado, flautas, vocais guturais e as vezes vocais femininos.

Algumas publicações já falam no surgimento do chamado Brazilian Folk Metal, que seria a versão tupiniquim de Folk Metal. Em tal subgênero se observa, em meio aos instrumentos usuais ao Heavy Metal, o uso eventual de instrumentos como agogô, timba, cuíca, pandeiro, viola, craviola, flauta indígena, etc. As bandas procuram criar uma ponte que os aproxime não apenas do samba, mas também do baião nordestino, do choro, da MPB e da musicalidade indígena. As principais bandas deste incipiente estilo seriam Braia e Rafael Bittencourt em seu álbum solo de estréia, além do Angra em seu álbum "Holy Land".


NÃO PERCAM A CONTINUAÇÃO DESSE POST, FALANDO SOBRE OS ÁLBUNS CLÁSSICOS DESSE ESTILO E AS BANDAS CRISTÃS DE FOLK METAL. IMPERDÍVEL!


Fontes e Referências:

* "História da Religião Celta", do site História do Mundo
* "Folk Metal e Música Medieval", de Thiago L. Garcia - site Whiplash!)