RYAN TUBRIDY: Richard, bom dia.
RICHARD DAWKINS: Bom dia.
TUBRIDY: É um prazer falar com você novamente. Nós já conversamos antes sobre um assunto semelhante. David Quinn também está aqui conosco. David Quinn é colunista do “Irish Independent”. David, muito bom dia para você.
DAVID QUINN: Bom dia.
TUBRIDY: Então, Richard Dawkins, aqui vamos nós novamente... Em seu mais recente livro, Deus, um delírio. Vamos falar sobre a palavra, se você não se importa, a palavra “delírio”, então coloque-a em seu contexto. Por que você usou esta palavra?
DAWKINS: Bem, a palavra “delírio” significa uma mentira que é largamente acreditada, e eu acho que isto é verdade em relação à religião. Ela é incrivelmente largamente acreditada. É como se quase toda população ao pelo menos uma parte substancial da população acreditasse que ela havia sido abduzida por alienígenas em discos voadores. Você chamaria isto de “delírio”. Eu acho que Deus é um delírio similar.
TUBRIDY: E seria justo dizer que você iguala Deus com, digamos, o amigo imaginário, o bicho papão, ou as fadas do fim do jardim?
DAWKINS: Bem, eu acho que é eles tem a mesma probabilidade de existir, sim, e eu discuto sobre todas estas coisas, especialmente o amigo imaginário, que eu considero como um fenômeno psicológico interessante na infância, e que possivelmente pode ter alguma coisa a ver com o surgimento da religião.
TUBRIDY: Então nos fale um pouco sobre o fator “amigo imaginário”.
DAWKINS: Muitas crianças têm seu amigo imaginário. Christopher Robin tinha o Binker. Uma garotinha que me escreveu tinha um homenzinho rosa. E a garota com o homenzinho rosa na verdade o via. Aparentemente ela tinha alucinações com ele. Ele surgia balançando um pequeno sino. E ele era muito, muito real a ela, embora em certo sentido ela sabia que ele não era real. Eu suspeito que algo parecido acontece com pessoas que afirmam ter visto Deus ou ouvido a voz de Deus.
TUBRIDY: E voltamos novamente para o “delírio”. Você acha que todas as pessoas que acreditam em Deus, qualquer pessoa religiosa, está delirando? Este é o ponto de partida do seu argumento, Richard?
DAWKINS: Bem, existe uma forma sofisticada de religião que... bem, uma forma dela é a de Einstein, que não era uma religião de fato. Einstein usou a palavra “Deus” muitas vezes, mas ele não estava falando de um Deus pessoal. Ele não estava falando sobre um ser que pode ouvir suas orações ou perdoar seus pecados. Ele usou o termo como uma forma poética de descrever o que era profundamente misterioso, as grandes incertezas na raiz do universo. Então existem os deístas que acreditam em um tipo de Deus, um tipo de Deus pessoal que criou o universo, um tipo de Deus físico, mas que não fez nada mais que isto, e que certamente não ouvem seus pensamentos. Ele não tem interesse pessoal algum com os humanos. Eu não acho que usaria uma palavra como “delírio” para eles, certamente não a Einstein. Eu não acho que usaria esta palavra para designar um deísta também. Eu acho que reservaria a palavra “delírio” para os teístas verdadeiros, que realmente pensam que eles conversam com Deus e pensam que Deus fala com eles.
TUBRIDY: Você tem uma descrição muito interessante em Deus, um delírio do Deus do Antigo Testamento. Você poderia nos dar esta descrição ou quer que eu leia ela para você?
DAWKINS: Você tem ela aí?
TUBRIDY: Sim, tenho.
DAWKINS: Bem, por que não a lê então?
TUBRIDY: Por que não? Você descreve Deus como misógino, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, e caprichosamente malévolo.
DAWKINS: Me parece ser uma definição muito justa, sim.
TUBRIDY: Ok. Há aqueles que diriam que ela está um pouco fora do tom.
DAWKINS: Leia seu Antigo Testamento, se você pensa assim. Apenas leia-o. Leia Levítico, leia Deuteronômio, leia Juízes, leia Números, leia Êxodo.
TUBRIDY: E você acha... é o seu ponto que estes elementos de Deus, como descritos por você, são aquilo que não ajuda a questão da religião global e as guerras que decorrem com ela?
DAWKINS: Bem, na verdade não, porque nenhum teólogo sério toma o Antigo Testamento literalmente mais, então não é bem assim. Um número considerável de pessoas pensa que elas tomam a Bíblia literalmente, mas isto só acontece assim porque nunca elas o leram, senão elas não poderiam tomá-lo literalmente. Mas eu penso que as pessoas estão muito confusas sobre de onde elas tiram sua moralidade. Muitas pessoas pensam que elas tiram sua moralidade da Bíblia porque podem encontrar nela bons versículos. Partes dos Dez Mandamentos são OK, partes do Sermão da Montanha são OK, então elas acham que sua moralidade vem de lá. Mas é claro que ninguém tira realmente a sua moralidade da Bíblia; nós a tiramos de algum outro lugar. E na medida em que encontramos bons trechos na Bíblia, nós os partilhamos e os recortamos. Nós os recortamos e escolhemos, selecionamos os bons versículos e deixamos de lado os maus. Seja qual for o critério que usamos para selecionar os bons versículos e jogar fora os maus, este critério é utilizável por pessoas sendo elas religiosas ou não. Por que nos preocuparmos em selecionar versículos. Por que não apenas irmos em frente e sermos morais?
TUBRIDY: Você acha que as pessoas que acreditam em Deus e na religião geralmente são... você usa a analogia do amigo imaginário... você pensa que as pessoas que acreditam em Deus e na religião são um pouco burras?
DAWKINS: Não, porque muitas delas são altamente educadas, e conseguem altas notas em testes de QI e similares...
TUBRIDY: Por que você acha que elas acreditam em algo que você não acha que existe?
DAWKINS: Bem, eu acho que pessoas têm a notável capacidade de compartimentar sua mente, separando sua mente em duas partes. Existem algumas pessoas que inclusive tentam harmonizá-las, sendo aparentemente bons cientistas ao mesmo em que acreditam que o livro de Gênesis é literalmente verdadeiro e que o mundo tem apenas 6 mil anos de idade. Se você consegue performar este tipo de pensamento duplo, então você consegue fazer qualquer coisa.
TUBRIDY: Mas eles podem dizer que eles sentem pena de você porque você não acredita no que eles acreditam ser fundamentalmente verdadeiro.
DAWKINS: Bem, eles podem e nós teremos que discutir sobre isto olhando para as evidências. A grande coisa e argumentar olhando para as evidências, não apenas dizer: “Oh... bem... está é minha fé. Não há argumento a ser feito. Você não pode argumenta com a fé.”
TUBRIDY: David Quinn, colunista do “Irish Independent”, por favor nos mostre algumas evidências.
QUINN: Bem, eu diria em primeiro lugar que Richard Dawkins está fazendo o que lhe é usualmente faz, que é criar um espantalho e colocar Deus no mesmo lugar... ele coloca a crença em Deus na mesma categoria que a crença em fadas. Bem, as crianças deixam de acreditar em fadas quando deixam de ser crianças, mas elas usualmente não deixam de acreditar em Deus, porque a crença em Deus, para minha mente, é uma proposição muito mais racional do que a crença em fadas ou no Papai Noel.
TUBRIDY: Você tem mais provas para a existência de Deus do que para nós temos para a existência de fadas?
QUINN: Chegarei lá em um segundo. A segunda coisa é que o compartimentar sua mente... e ele usa os exemplos de... bem, você tem pessoas inteligentes que, de uma maneira ou outra, acreditam que o mundo tem apenas 6 mil anos, e na Terra Jovem, e que não acreditam na Evolução... Mas esta é também uma falsa dicotomia. Há muitas pessoas que acreditam em Deus mas também na evolução e acreditam que o universo tem 20 bilhões de anos, acreditam plenamente na evolução darwiniana ou qualquer outra coisa que for o caso. Agora, em todos os argumentos sobre a existência ou não de Deus, frequentemente estas coisas sequer saem da linha de partida, porque as duas pessoas no debate não conseguem nem mesmo concordar sobre onde se encontra o ônus da prova. Ele está com aqueles que estão tentando provar a existência de Deus? Ou ele está com aqueles que estão tentando refutar a existência de Deus? Mas eu suponho, para trazer isto para a área familiar a Dawkins, que falemos da teoria da evolução: A teoria da evolução explica como a matéria, da qual todos nós somos compostos, organizou a si mesma, por exemplo, em seres altamente complexos como Richard Dawkins e Ryan Tubridy, e outros seres humanos. Mas o que ela não explica, apenas para dar um exemplo, é como a matéria veio a ser em primeiro lugar. Esta é uma questão que, em termos científicos, não pode ser respondida, e pode apenas ser respondida, se é que pode, por filósofos e teólogos. Certamente não é respondida pela ciência. E a questão sobre a existência ou não de Deus também não pode ser respondida plenamente pela ciência e um erro comum no qual as pessoas acreditam é pensar que o cientista que fala sobre evolução com a autoridade da ciência também pode falar sobre a existência de Deus com a autoridade dessa mesma ciência, e é claro que ele não pode. O cientista falando a respeito da existência de Deus está verdadeiramente engajado em filosofia e teologia, mas ele certamente não pode trazer para este domínio a autoridade da ciência per se.
TUBRIDY: Voltando à questão original, você tem alguma evidência para mim?
QUINN: Bem, eu diria a existência da própria matéria. Eu diria a existência da moralidade. Richard Dawkins e eu temos claramente um entendimento diferente sobre as origens da moralidade. Eu diria também o livre-arbítrio. Se você for um ateu, se você é um ateu, logicamente falando, você não pode acreditar em objetividade moral. Você não pode acreditar em livre-arbítrio. Estas são duas coisas nas quais a vasta maioria da humanidade implicitamente acredita. Acreditamos, por exemplo, que se uma pessoa faz uma má ação, nós podemos chamar aquela pessoa de má porque acreditamos que ela livremente escolheu realizar aquelas ações. Um ateu acredita que somos completamente controlados por nossos genes e que não realizamos nenhuma espécie de ação livre.
TUBRIDY: Que evidências você tem, Richard Dawkins, de que você está certo?
DAWKINS: Eu não acredito em nenhuma palavra do que ele disse. Eu não acredito que nós somos totalmente controlados por nossos genes. Permita-me voltar à questão realmente importante colocada pelo Sr. Quinn.
QUINN: O quão independente nós somos de nossos genes, segundo você? O que nos permite ser independentes de nossos genes? De onde isto vem?
DAWKINS: Do meio ambiente, para começar.
QUINN: Mas isto também é um produto da, se você preferir, matéria, não?
DAWKINS: Sim, mas não são genes.
QUINN: Que parte de nós nos permite ter livre-arbítrio?
DAWKINS: Livre-arbítrio é uma questão filosófica muito difícil, e não tem nada a ver com religião, ao contrário do que diz o Sr. Quinn, ao contrário do que o Sr. Quinn diz... mas...
QUINN: Tem muito a ver com religião, porque se não há Deus, então também não há livre-arbítrio, porque seríamos apenas meros fenômenos.
DAWKINS: Quem disse que não haveria livre-arbítrio se não existisse Deus? Isto é algo ridículo de se dizer.
QUINN: William Provine é um deles, e é uma das pessoas que você cita em seu livro. Tenho uma citação dele aqui. “Outros cientistas também acreditam no mesmo... que tudo o que passa por nossas cabeças é um produto dos genes, ambiente e reações químicas, que não há lugar algum para o livre-arbítrio.” E Richard, se você ainda não lidou com este problema, deve começar seriamente a fazê-lo, porque muitos de seus colegas têm feito isto, e eles negam a existência do livre-arbítrio, e eles são materialistas radicais como você.
TUBRIDY: OK. Richard Dawkins, responda a isto como quiser.
DAWKINS: Eu não estou interessado no livre-arbítrio. Estou interessado é nesta ridícula sugestão de que se a ciência não pode falar sobre a origem da matéria, a teologia pode. A origem da matéria... a origem do universo inteiro é uma questão difícil, muito difícil. Uma questão na qual os cientistas estão trabalhando, uma que eles esperam, eventualmente, resolver. Antes de Darwin, a biologia era um mistério. Darwin resolveu isto. Agora a cosmologia é um mistério. A origem do universo é um mistério. Um mistério para todos. Os físicos estão trabalhando nisto, eles possuem teorias, mas se a ciência não puder responder a questão, então seguramente a teologia não poderá também.
QUINN: Se eu puder entrar aqui. É uma proposição perfeitamente racional se perguntar "De onde vem a matéria?". E é perfeitamente razoável responder: "Deus criou a matéria".
DAWKINS: Não é razoável.
QUINN: Muitas pessoas razoáveis acreditam desta forma... É uma categoria diferente dizer "olha, vamos estudar a matéria e como ela se organiza em formas particulares", e chegar a resposta: evolução. Outra questão muito diferente é perguntar "De onde a matéria surgiu para que tudo isso tivesse início?". E se você quiser, terá de buscar a resposta fora da matéria, e então estará usando categorias filosóficas e teológicas.
DAWKINS: Como você pode afirmar que foi Deus se você não pode responder de onde Deus surgiu?
QUINN: Porque você precisa de uma causa não-causada para explicar as coisas existentes. Vi em seu livro que você apresenta um contra-argumento que, francamente, penso ser um bogus. Você vem com a idéia do regresso ao infinito matemático, mas isto não se aplica ao argumento de causas não-causadas e motores não-movidos porque não são estamos falando de matemática, nós estamos falando sobre existência e nada pode existir a menos que se tenha uma causa não-causada. E esta causa não-causada e o um motor não-movido é, por definição, Deus.
TUBRIDY: OK. Eu tenho que prosseguir...
DAWKINS: Você apenas definiu Deus desta forma. Você apenas definiu uma existência problemática. Não há solução para este problema. Você apenas o contornou.
QUINN: Você não pode responder à questão de onde a matéria veio! Você, como um ateu...
DAWKINS: Eu não posso, mas a ciência está trabalhando nisto. Você não pode responder também.
QUINN: Ela não trará uma resposta, e você invocou um "argumento do mistério", como aquele que você acusa os teístas de cometerem a todo momento. Você o invoca para a primeira e mais fundamental questão sobre a realidade. Você não sabe de onde a matéria surge.
DAWKINS: Eu não sei. A ciência está trabalhando nisto. Ciência é uma coisa progressiva que está trabalhando nisto. Você não sabe, mas afirma que sabe.
QUINN: Eu afirmo saber a provável resposta.
TUBRIDY: Posso sugerir a próxima questão, bastante apropriada, do papel da religião nas guerras? Quando você pensa das dificuldades que isto traz em problemas locais, Sr. Dawkins, você acredita que o mundo seria um local mais seguro sem a religião?
DAWKINS: Sim, penso. Não acho que a religião seja a única causa da guerra, muito longe disto. Nem a Segunda nem a Primeira guerra mundiais foram causadas pela religião, mas eu acho que a religião é um fator exacerbador, especialmente no mundo de hoje.
TUBRIDY: OK, explique-se.
DAWKINS: Bem, eu penso que é bastante óbvio. Se você olha para o Oriente Médio, se você olha para Índia e Paquistão, se você olha para a Irlanda do Norte, há vários e vários lugares em que a única base para a hostilidade que leva facções rivais a se matarem é a religião.
TUBRIDY: Porque você revolveu pregar, se você gostar, o ateísmo... e há uma escolha interessante de palavras de alguma forma. Você tem sido acusado de ser algo como ateísta fundamentalista. Se preferir, o Alto Sacerdote do ateísmo. Por que tomar para si a tarefa de tentar... refutar estas coisas? Porque você apenas não acredita nelas de maneira privada, por exemplo?
DAWKINS: Bem, fundamentalista não é a palavra correta. Um fundamentalista é uma pessoa que acredita em um livro sagrado, e pensa que tudo que há nesse livro é verdadeiro. Estou apaixonado pelo que acredito porque penso que há evidências para isto. E eu penso que é diferente estar apaixonado pela evidência do que ser apaixonado por um livro sagrado. Então, faço isto porque sou apaixonado pela verdade. Eu realmente acredito que esta é uma importante questão, se há um Deus na raiz do universo. Penso que é uma questão importante, acho que temos de discuti-la, e é o que faço.
QUINN: Ryan, se eu puder...
TUBRIDY: Vá em frente.
QUINN: Richard apresentou uma definição de fundamentalismo que é conveniente pra ele. Ele pensa que um fundamentalista é alguém que acredita em um livro sagrado. Um fundamentalista é alguém que firmemente acredita que tem uma verdade, e a abraça de maneira tão extrema que se torna intolerante com aqueles que sustentam uma verdade diferente. E Richard Dawkins resumiu o que ele pensa ser a verdade. E isto o torna intolerante com aqueles que possuem crenças religiosas. Agora, sobre os efeitos que a religião tem no mundo, digo que Richard está muito correto sobre a existência de muitas causas de guerra e conflito e maldade no mundo, e ele menciona as duas guerras mundiais. Em seu livro ele tenta evitar a responsabilidade do ateísmo, por exemplo, pelas atrocidades de Joseph Stalin, dizendo que elas não têm nada a ver, particularmente, com o ateísmo. Stalin, e muitos comunistas que eram explicitamente ateístas, tinham a visão de que a religião era precisamente a espécie de força maligna que Richard Dawkins pensa que ela é, e eles retiraram desta premissa, se desejar assim chamá-la, sua própria versão da solução final, eles tentaram erradicar a religião da terra por meio da violência, e também por meio de uma educação que era explicitamente anti-religiosa. E sob a União Soviética, e na China, e sob Pol Pot no Camboja, esforços explícitos e violentos foram feitos para suprimir a religião, com base na ideia de que a religião era considerada uma força do mal e "Nós temos a verdade, e a nossa verdade não admite a religião de forma alguma, porque nós acreditamos que a religião era falsa." Então o ateísmo também pode levar à violência fundamentalista, e o fez no último século. E os ateus...
TUBRIDY: Vamos deixar Richard falar aqui.
DAWKINS: Stalin era um homem muito, muito mau, e sua perseguição a religião era uma coisa muito, muito má. Fim da História. Isto não tem nada a ver com o fato dele ser ateu. Não podemos simplesmente compilar listas de más pessoas que eram ateus e listas de más pessoas que eram religiosas. Temo que existam muitas delas em ambos os lados.
QUINN: Sim, mas Richard você sempre está compilando listas de más pessoas religiosas. Você faz isto continuamente em seus livros, e então você devota um parágrafo para tentar absolver o ateísmo de toda responsabilidade por cada atrocidade na história. Você não pode usar esse duplo critério.
DAWKINS: Eu nego isto.
QUINN: É claro que você faz. Toda vez que você vai a um programa falar de religião, você traz as atrocidades cometidas em nome da religião, e então você tenta minimizar as atrocidades cometidas por ateus justamente por eles serem anti-religiosos, e porque eles consideravam a religião uma força maligna, de uma maneira próxima a que você pensa. Você está aplicando um duplo critério.
DAWKINS: Bem, eu simplesmente nego isto. Eu acho que há algo mau na fé, porque a fé é acreditar em algo sem evidência.
QUINN: Mas veja, não é isto o que a fé é. Note, esta é uma caricatura e um espantalho, e bastante típico. Isto não é o que a fé é. Você tem fé de que Deus não existe...
DAWKINS: O que é fé? O que é fé?
QUINN: Um segundo! Você tem fé que Deus não existe. Você é uma pessoa de fé também.
DAWKINS: Eu não sou! Eu tenho olhado as evidências!
QUINN: Bem, eu olho... Eu olho as evidências também!
DAWKINS: Se alguém apresentar uma evidência contrária, eu seria o primeiro a mudar de idéia.
QUINN: Bem, eu penso que a própria existência da matéria é uma evidência de que Deus existe. E, de qualquer forma, lembre-se, você é o sujeito que tem problemas para acreditar no livre-arbítrio, que você tentou muito convenientemente colocar de lado.
DAWKINS: Não estou interessado no livre-arbítrio, esta não é uma questão importante pra mim.
QUINN: Esta é uma questão importante, porque não poderemos ser considerados moralmente responsáveis a menos que tenhamos livre-arbítrio. De outra maneira, fazemos todas as coisas controlados por nossos genes ou pelo ambiente. É uma questão vital.
TUBRIDY: Nós estamos voltando ao ponto em que começamos este debate, que apropriadamente está terminando. Richard Dawkins, muito bom falar com você novamente. Obrigado por seu tempo. E a você, David Quinn, colunista do “Irish Independent”, muito obrigado por participar. Deus, um delírio, a propósito, levanta muitas, muitas questões interessantes. Ele foi escrito por Richard Dawkins e foi publicado no Brasil pela “Companhia das Letras”. Mais detalhes no nosso website, www.tre.ie. Se você quiser exercitar seu livre-arbítrio e nos contatar, por favor o faça...
-Autores: Ryan Tubridy, Richard Dawkins & David Quinn
Tradução: Eliel Vieira
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Fonte: Desconstruindo
Enviado Por: Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com
"Deus usa as coisas LOUCAS desse mundo para confundir os SÁBIOS... e usa pessoas diferentes e aparentemente desprovidas de valor para a realização de uma obra sobrenatural" (1 Cor. 23-29)
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
"Deus, um Delírio?" - Um Debate entre Richard Dawkins e David Quinn
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